Madrugada de 24 de dezembro de 2015
O lugar mais seguro do mundo é aquele que nunca se permanece
Sem febre, mas em chamas; frio e duro como uma pedra de gelo perdida e fenecendo no copo vazio... coração derretendo. Visões tumultuadas e desfocadas de bocas pedindo ajuda em ruas em combustão; é a razão que acaba? É a sensatez que se enterra? Cenouras sem paranoias, senhoras semiloucas, senhores e senhoras, sem roupa, todos roucos e loucos. É ficção, é fração nada ficcional: Na álgebra da minha existência, na soma e subtração de ter e também ser ‘pai’, a matemática errou: três menos um deu zero. Hão de me dizer então, em voz alta e cabulosa que só existe o esperto pela persistência assídua do otário. Mas penso em outra hipótese – é o que me resta –: Nada como um peixe após o outro... um anzol no meio... e nada bem; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça. Sem ofensa, sem rancor, a vida segue e mesmo cega segue em caminhos bons; tenho sorte, tenho mais ou menos um norte, tenho ventos fortes, maremotos e mares ‘flats’, tudo bem! Corto os que são poucos, pois de poucos não me importa; não após, não agora me cabe ou caberá. As pernas e os cabelos incômodos, não secam após o banho e se borram em meus sonhos... uma garrafinha de água azul, com gás; uma garrafinha de água rosa, sem gás. Um beijo louco ao mar, um bem-estar de estar bem, alguém vem ao ouvido perguntar: quanto irá durar? – digo: não sei! Meu nariz escorre, minha barba grossa e meus cabelos tornam-se branco, aos poucos... como filé, como salada, ando a pé e de carro, e nada muda... só a sensação da certeza de que um dia a bateria do relógio da vida se acaba.
André Anlub