Queria comprender...

... ah, quem me dera compreender

os "pobres" de espírito interior.

Seu pensar, seus sonhos.

Sonhos de ouro e glórias.

As inuteis glórias do mundo!

Suas vidas são como poeira do chão

que um vento carrega pra lá e pra cá

e seus rostos brilham por trás de falsos letreiros

e refletem aquele brilho falso das esferas menores

onde o espesso e verdadeiro eu jamais é encontrado.

Tenho compaixão pelo sentenciados aos abismos da idolatria,

do egocentrismo.

Do pão que comem cru a cada novo dia

pois querem antecipar a hora da colheita,

sem aos menos terem tido a participação de suas mãos

no revolver da terra sagrada.

À palavra soberba,

ao rosto-enfeite moldado em falsos brilhantes,

desejaria oferecer para um clarão de dia nas trevas,

lírios do campo, cordeiros pastando,

crianças brincando de roda ao luar,

porta-retratos com flores e pássaros,

um quadro de Matisse,

uma formiga carregando uma pétala,

um luar de agosto cheio de pirilampos,

nuvens no céu

e um ocaso num mar de nuvens esmeraldas

para que se conscientize

que o verdadeiro e único brilho

é aquele que dinheiro nenhum compra

é o afeto e reverência pela vida,

que Deus doou ao coração humano

como o seu único e maior tesouro.