Desconhecido dos meus sonhos
Foi só mais um encontro daqueles casuais. Você entra em um ônibus e vê tantas pessoas das quais jamais você acreditaria ver de novo. Pois bem, assim que tudo começou. Tomei o ônibus de volta pra casa após um dia cansativo, me sento no fundo do ônibus e distraída trocando mensagens pelo celular com amigos, quando finalmente levanto o olhar e vejo um rapaz muito bonito do qual chamou minha atenção. Ele estava de calça jeans e camiseta branca, fechado em seu mundo, com os fones no ouvido, nem olhava para o lado. Pensei eu: nunca que esse rapaz tão bonito iria olhar para mim. Continuei a mexer no celular até que aproximou-se do meu ponto. Quando fui descer as escadas, uma pasta que estava em minha mão caiu no chão e os papéis caíram se espalhando pelo chão. Eis que o rapaz veio correndo me ajudar e como o ônibus tinha que sair ele pediu que o motorista fosse embora e ficou ali pra me ajudar. Fiquei espantada, disse a ele que não precisava, pois teria que tomar outro ônibus para chegar em sua casa e eu poderia muito bem me virar sozinha. Mas ele com um belo e largo sorriso me disse:
- Não tem problema. Não moro muito longe daqui, continuo o caminho a pé. Só não podia deixar uma pessoa tão atrapalhada sozinha.
Ri meio sem graça. Atrapalhada eu? Imagina! Sou quase uma pata com pernas. Uma vez ouvi que quando a alma da gente é maior que nosso corpo, nós acabamos por ser pessoas desastradas. A minha alma então deve ser gigante, porque o que puder derrubar eu derrubo.
Depois de recolher todos os papéis, ele me olhou bem nos olhos e disse:
- Diego. Meu nome é Diego.
Acho que corei na hora...mais sem graça ainda respondi:
- Mariana. Muito obrigada por me ajudar.
- Não tem de quê moça corada...ficou sem graça porque?
Aquele seu jeito tão despojado me deixava sem graça. Mas eu gostava.
- Sou tímida. Fiquei sem graça em você sem ao menos me conhecer querer me ajudar.
- Ah, mas isso é besteira. Qualquer um no meu lugar te ajudaria. Vi o quanto você se atrapalhou e a preocupação com estes papéis estampada em seu rosto.
- Sério?
- Sim...você ficou mto sem graça. Onde você mora? Vou lhe acompanhar.
Fiquei imensamente surpresa mas respondi que era ali perto. Fomos caminhando e ele falando um pouco da sua vida e eu mais ouvia do que falava. Era uma garota tímida de 20 anos, que mais parecia uma menininha. Tinha medo da vida, das pessoas e portanto aquele encontro casual e seu jeito tão despojado me causava um certo receio.
Finalmente chegamos até minha casa, o agradeci imensamente pela ajuda e nos despedimos.
Fiquei do portão olhando o desconhecido de nome Diego desaparecer na rua mais a frente. Parecia um sonho. Seu rosto lindo, sua doçura na voz e seu jeito de ser.
Ai você pensa que será um dia qualquer: você entra num ônibus e vê tantas pessoas das quais você talvez nunca mais irá ver. E sendo um sonho; nunca mais mesmo.