Réquiem para um desencontro
A dor da saudade invade, insólita, o meu ser,
na madrugada arredia que anuncia outro alvorecer prenhe de agonia.
O vazio de afeto goteja suas descarnadas migalhas nos subterrâneos do meu coração.
Ao passo dado, o retorno impossibilitado.
Amargura divina, enternece minha tosca ilusão.
Você provavelmente dorme, sonha cores açucaradas, às vezes amedrontadas;
Eu, certamente, reflito sobre quanta energia desperdiçada a me consumir.
Quantas esperanças e projetos soçobrando num oceano de frustração;
náufrago solitário ao sabor das ondas do esquecimento.
Abandonado ao relento, no exílio do arrependimento,
me submeto atormentado ao desencantamento da decisão,
me agarro ao pesado salva-vidas que me leva às profundezas da solidão.
Pele, pétala, espinho;
amor, afago, imensidão.
Afeto, beijo, carinho;
companhia, conversa, sofreguidão.
Lembrança, sorriso, caminho;
Distância, saudade, sozinho.