À flor da idade
Durou apenas um instante, o suficiente para que seus pés saíssem do chão, ou talvez o chão soltando os seus pés numa breve permissão, quando o braço daquele, por quem seus olhos procuravam, resvalando em suas costas provocou arrepio e abriu suas asas: libertação.
Seu corpo leve estremeceu ao simples toque de um momento que se fez a mais pura abstração. Ela quis correr, mas como num sonho um correr lento de nunca alcançar, quando a cor da maçã corou na sua face que ficou mais bonita ao se sentir viva cruzando a fronteira entre a realidade e o sonho. Ela existia e mais viva que nunca começou a sonhar tecendo desejos que aqueciam sua pele em meio a um cenário onde ela era o centro da sua própria atenção. Criando motivos fiava a sua emoção, aprendeu a entardecer com seu próprio canto, a desprender seus véus, a se desprender aprendeu a anoitecer o corpo em horizontes curvos na extensão do seu pensamento vivo. Ela aprendeu a sonhar colorido.
Seu olhar diferente não ouvia os passos daqueles que em volta marcavam o compasso do tempo, ela estava suspensa com o mundo girando em suas mãos e na medida em que seus pés saíam do chão desabrochava a flor da idade no breve instante de eternidade.