Escritora és tu?
Eu vim falar sobre ela. Não que isso seja fácil, pois não é! Ela é puro fogo, ela é do contra, e gosta disso. Quando o verão chega, ainda há inverno dentro dela. Quando vem então, a primavera, seu jardim está morto. Mas em época de seca, de miséria, de "falta" ela transborda. Pois é cheia de si mesma, e gosta de ser mais, gosta de ser apenas ela, inconstante e repleta de impossíveis que ela, na maioria das vezes, consegue realizar. Ela é a ponta do iceberg, é um perigo por si só, escritora nata, coloca pra fora tudo que a mantém presa! Sua força, vem das palavras, dos versos, dos verbos e contrapesos que ela põe em suas poesias e, em seus textos. Não é qualquer uma, vive dentro de mim, gosta de encher, por isso escreve. Ela quase sempre dizia para mim: "nada merece o vazio, nem mesmo as entrelinhas. Se seu verso vem do coração, que num contato só, escorre livre no papel, e quando alguém lê se encontra ali, é porque é profundo." É o abismo que ela se permite ter dentro de si, sem fim, e completamente satisfeita por manter um universo pessoal tão puro. Ninguém estraga seus sonhos, mas ninguém também, mata seus medos. Ela é dona de uma alma que não se sabe nada, não se espera nada, não se adivinha nada, ela é imprevisível. Fazer o que, aos poetas e poetizas desse século, sobrou apenas a miséria, pois o sentir já foi deixado, o sentir é retrógrado. O ter é presente e futuro de uma humanidade a beira da miséria... mas, não é miséria de fome, nem bens materiais, isso, terão sempre de sobra. Ela fala, sobre a miséria da alma, a mesmice que vão se permitir viver, sem razão mais firme do que ser mais que o próprio irmão. Fazer o que, ela é tão ela, que não se permite esse futuro de dar dó. Ela escreve tudo, de tudo, pra tudo! Mas ela tenta ser flor, falar sobre amor, porque no fundo ela sabe, que acredita, acredita nesse terrível mundo. Ela acredita na melhora. Fez de seu interior, sua própria casa, e já fez morada ali, porque em todos os outros lugares... só lhe resta ser passageira... pois ela relata seu apelo, seu desespero, pois vê que a vida já não está sendo "vivida", e por aqui ela acaba deixando, seu último suspiro, sua caixinha de esperança, ela planta o amor, mas pra essa sociedade repleta de dor, precisa-se mesmo que preencham seu interior, que se permitam viver realmente ,e não somente ser mais um sobrevivente, existente nesse planeta terra, que chora a nossa desgraça. Ela sente que nada nem ninguém tem algo a oferecer, poucos são aqueles que ela tem guardadinho em seu peito, são nós da vida, que deixam mais leve, onde devemos sim, sobreviver! Quero dizer mais uma coisa, ela é realmente muito ela, mas se parece tanto comigo, que as vezes acho que ela sou eu.