As mudanças vêm de dentro
Me encontro agora frente a frente com o nada, meus olhos enxergam somente a escuridão que toma esse lugar, que toma tudo o que nele adentra, que tomou meu -antes admirável- ser há algum tempo. Vejo minha mão movendo-se, fria, serena, corada dentre todos os tons, do mais branco e gélido, pálido como não deveria ser.
Antes, o que era vivo e eufórico, hoje encontra-se na lamentável situação de uma inerte carcaça que decompõe-se dia após dia, nessa incessante luta chamada: vida.
Começou a deteriorar-se por dentro; quebrou, dilacerou, arrebentou. Tomou seu coração de melancolia, seus pulmões hoje não são mais os mesmos, nem seu fígado, rins... Tudo foi comprometido pela desilusão, pela dor, pelo rancor, ah... o amor.
Com seu interior aniquilado, a carne não suportava nem mais o peso de ingênuas palavras, tudo era remissão.