LUA
Desde menina eu te namoro. Lembro-me bem: eu me sentava no chão de terra do quintal, e ficava encantada vendo você despontar.
Quando minha mãe partiu, encontrei refúgio em seu brilho prateado. E costurava monólogos inteiros, pendindo a você que abrigasse com carinho a minha mãezinha.
Depois foi a vez do amor juvenil. Ah! nesse tempo você ganhou um brilho distinto, punha-me a olhá-la, e pra você contava meus sonhos de amor.
Noite passada, o sono escapuliu pela janela que teimo em não fechar. Olhei e encontrei você. Havia uma aura prateada a te recobrir. Encantada, levantei-me, e fui te ver de mais perto.
Constatei que o tempo tem sido generoso com você. Percebi em seus contornos, que você está ainda mais bela.
Tenho que te confessar um segredo: você continua me fascinando com a mesma intensidade de quando eu ainda usava tranças.
(Imagem: Lenapena)