DA DOR A FLOR
Os dias se passam como pétalas que caem no jardim
A vida se esvai como os fachos de luz de um dia no fim
E em cada ano a iniciar e em cada ano a findar
Eu continuo a intensamente viver no limiar
De cada preocupação eu tento esquecer
E de tudo vou rindo sem nem entender
A razão de cada coisa que passei e vivi
A razão de cada alegria e tristeza que senti
Eu apenas consigo imaginar o que poderia ter sido
Posso somente projetar um futuro que queria ter vivido
Mas meu imutável presente persiste em me seguir
Em meu caminho não há nada que possa me impedir
Eu vou desfrutando de cada alegria e cada momento
Eu coleciono cada dia contigo e cada singular evento
Armazenados na minha confusa mente questionadora
Imagens fugazes ainda aquecem de forma acolhedora
Estou sempre a sorrir para todos igualmente
Mas meu verdadeiro sorriso é bem diferente
Eu sou minha dor eu sou minha agonia
Sou um alimento que me traz anemia
Alegria eu sinto com um misto de tristeza
Pois estar sempre só é minha única certeza
Quem causa a perda e esquecimento do que é meu?
Não é nenhum outro se não o vilão que sou eu
Quero uma estrela que sobre mim possa brilhar
Quero um anjo da guarda que possa me acompanhar
Minha esperança me leva a no amanhã acreditar
E ergo meus olhos aos céus para poder continuar
Eu faço de cada agonia e cada dor
Uma semente que brota como flor
Tiago André Breta Izidoro