Em lugar nenhum, só nela, que é o melhor lugar
Onde você se encaixa? Me diga onde você se encaixa. Aproveita e me diz também onde é que me encaixo ou pelo menos onde devo ou deveria me encaixar, porque eu também não sei. Rua Maximiniano Nunes, Rua Vicente Celestino, Rua Deus Menino, Avenida Sete de Setembro, Praça da Piedade, Rua do Cabeça, Ladeira do Cacau, Rua Lígia Maria. Caibo em nada disso. Me encaixo em nada disso. Eu não caibo em lugar nenhum, mundo.
Tenho o endereço do afeto, é lá na Travessa Boa vista, número sessenta e nove, nos braços e colo e peito da filha do meio do casal que mora lá. Lá eu caibo, lá eu moro, lá eu me acabo, se necessário. A gente anda de mãos dadas pela rua e eu tenho a certeza de que eu não vou cair de jeito nenhum, nem metaforicamente e nem denotativamente.
O ar que eu respiro apenas passa pelo pulmão e logo se vai. Vem e vai, vem e vai. Eu não quero que as coisas com a moça da Travessa Boa Vista seja como o vento que passa por meus pulmões. Mas, quero que seja como um pulmão, pra mim. Não vem e vai, mas está sempre lá, pois é necessário que esteja sempre lá. A vida sem um pulmão deve ser difícil. Sem ela também. Nela eu me encaixo, eu caibo, me acabo, se necessário. Ela cabe em mim também, como um pulmão, meu pulmão.
Sete da noite tem café quente na caneca branca, pra tomar sob o céu escuro, sob o teto claro da casa. Sete e meia eu escreverei um poema com a caneta que ela usou pra rabiscar nós dois na folha de papel daquele bloco de notas que eu carrego pra tudo que é lugar.
Eu não caibo eu lugar nenhum, mas caibo nela, que é o melhor lugar. Entende? Nem tente, nem tente.