CHINELINHOS

Nos idos de um mil novecentos e quarenta e três,

Setenta e dois anos

Já se passaram.

Era costume

Nos dias que precediam ao Natal,

A noite do Papai Noel,

Os pais dizerem aos seus filhos

Que colocassem seus chinelinhos

Nas soleiras das janelas,

Chinelos feitos à mão

De retalhos de panos

Recortes dos pijaminhas

Muitas vezes de flanelas,

Ainda em época de noites frescas,

De clima saudável,

Necessidade de agasalhar as crianças.

Tais chinelinhos tinham o propósito;

Recepcionarem o Papai Noel

Que havia de anteceder

Com guloseimas de suas preferências.

Lá estava o par de chinelos na soleira.

Ao amanhecer

Antes mesmo de todos

Acordarem,

As crianças acorriam

Para verificar

O que o Papai Noel havia deixado.

Com tristeza,

Grande decepção,

Naquela manhã tão esperada,

No chinelinho havia um

Monte de formigas

Que apreciavam,

Com grande frenesi,

Uma barrinha de doce de goiaba

Que já derretia e melava os pezinhos.

Amuado num dos cantos,

Soluços, desencantos...

Sem chinelos.

Muito pranto!

A vovó, de sotaque arrastado,

Gaúcha de Caxias do SUL,

Consolava o seu netinho

Com a promessa

De outro chinelinho,

Confeccionar,

Antes do Papai Noel

CHEGAR...

Belo Horizonte, 20 de dezembro de 2015 – Atalir Ávila de Souza.

Atalir Ávila
Enviado por Atalir Ávila em 22/12/2015
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