O Calendário
Olho em volta, no vazio, no tempo,
lembranças e sonhos caminham ao redor,
e eu tento me agarrar as recordações,
que contam a história da minha vida,
e impulsiono os sonhos ao
encontro das realizações que estão ali,
no futuro próximo ou distante,
mas como sempre à espera!
Esvazio os meus armários,
reviro minhas gavetas,
procuro me renovar, faço mudanças,
só deixo lá o que irá me acrescentar,
nos sentimentos, no corpo e na alma!
O calendário me observa,
sem nenhuma complacência,
como um voyeur sem escrúpulos,
e sem dó ou nenhuma piedade,
acelera os dias numa velocidade louca,
e eu tentando acompanhar seu veloz ritmo,
vou sobrevivendo a essa vigília torturante!
Não sei se por teimosia, pirraça, força ou raça,
não esmoreço, e sigo, e entre tombos,
me levanto e ando, sem pressa,
pois de nada adiantaria correr,
se o tempo, adversário impiedoso,
se agarra as minhas costas!