Diz-me que habito em ti
Lê, meu amor, e diz-me que habito em ti com todas as coisas que te movem, diz-me que não somos improváveis, que nossos sonhos são possíveis, que sentes meus beijos por todos os lugares e que minha respiração mistura-se à tua mesmo quando em mim não pensas, diz-me, murmura profunda e longamente que nossas pegadas são emaranhadas e que nossa pele fundiu-se em uma. Lê, meu amor, escuta minha voz com o calor do céu da tua boca porque é só a ti que eu chamo, arranca-me o coração com os dentes da ternura e do desejo, estamos espalhados pelos cantos da tua e da minha casa, por todos os cantos do mundo, extenuados de amor e de luz por entre as palavras que silenciam e não morrem, diz-me, diz-me sempre e todos os dias, não há outra maneira de adormecer as tardes e acordar as noites, lê, meu amor, porque essas são todas as nossas coisas que principiam e findam no que somos, fincados um por dentro do outro.