Diz-me amor

Diz-me amor, o que fazer dos sonhos que tivemos juntos, da tua pele que ainda arde em minha boca e dos murmúrios largados por entre as estrelas na minha e na tua vida, por dentro de um leito de esperas. Diz-me agora o que fazer do amor à meia-luz do teu quarto, pelos cantos da casa, perdidos em um mundo sem fronteiras, o que fazer do enlace dos nossos corpos em transe e do silêncio do depois de perdidos um no outro, diz-me o que fazer depois de rendida à tua espada e sem milagres, como começar os dias e o que fazer dessa terra que escorre das nossas mãos sem destino num mundo definitivamente explicado e sem espaço para travessia. Conta-me o que fazer das ausências que se somam e do sal das ruas espreitando o suor de um verão de invernos sobre nossas cabeças, diz-me o que fazer se me negas querendo possuir-me, se me renegas depois do enlace. Conheço o caminho dos teus desejos e nada há que repouse depois de nós, nada há que desperte sem a minha chama na tua, nada que fale, nada que grite ou sussurre baixinho, sem o sabor do encontro das nossas sílabas, sem o espaldar das nossas mãos (in)tranquilas e sedentas tocando tudo sem receio, diz-me agora amor, o que fazer sem o meu amor em ti se já estamos perdidos e perplexos e é tão bonito ser-te feliz até a morte dos nossos (a)pelos, conta-me o que fazer, amor, fala devagar para que não me canse de escutá-lo, fala-me como se tua luz me pudesse morder e iluminar minha vida na tua, essa é a história mais linda e arrebatadora que conheço.