JOGOS DE AMAR O OUTRO

O tempo que dizes teu é também do outro. O que vale mesmo é aproveitar todo este transcurso com ações que sejam favoráveis. Percebo que isto bem pode ocorrer, afora, é óbvio, a intempestividade não planejada. Porque o tempo passado nos domínios e à conta e ordem do outro, também se fixou e nunca a des/tempo como fazes uso e vezo. E o tempo gasto em conjunto é uma questão de uso aproveitável em comum, em dupla, sem perda de oportunidades. Pena que o tempo, em regra, venha a se exaurir nos caminhos da possessão e da insegurança. E este é o patíbulo dos amantes que disputam o ninho das descobertas. Se não houver cuidados, o amor morre a cada segundo. É assim que deve acontecer nos rituais dos jogos de amar o outro, além de si, ainda que por primeiro. Convém lembrar que o amor é intimista. Tal a dolência do sino da igreja das confidências. E nunca sofrenar o gozo...

– Do livro POESIA DE ALCOVA, 2015.

http://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/5478415