To day is a good day to die
To day is a good day to die
Um verso dele, um disparo,
me dá a força de mil cavalos de força.
Subo a serra veloz e miro a cidade do alto.
Sob a sombra de uma arvore solitária,
leio assim falou Zaratustra.
Aprendo que o homem é apenas uma ponte,
e sinto que Deus e eu somos um só.
Hoje encontrei o poeta Whitman
no barro da sola do meu tênis.
Corto o vento como uma flecha,
saúdo os cafezais, lembro da minha mãe.
Saúdo os canaviais, lembro-me dos homens e mulheres e crianças que neste momento voltam pra casa cansados com seus trajes e rostos manchados pelo carvão da cana queimada.
Meus amigos, é para vocês que eu canto este verso.
Digo olá pra as formigas, para as abelhas, para os insetos que querem beijar o meu rosto.
Quero abraçar cada pássaro que passa voando
Eles cantam e cantam e nunca pedem para permanecer.
Um rebanho de cabras cruza a estrada em silêncio, elas aceitam seus destinos, de alguma forma sabem que são eternas.
Há muita musica no ar a esta hora, musica no vento,nas pedras.
Descubro que cada coisa tem sua musica própria, mesmo estando em silêncio.
Sou aquele riacho distante e pequeno,
ele sabe também que de alguma forma chegará ao mar, depois ao céu e depois voltará a ser chuva, depois seiva, depois sangue e depois rio, assim eternamente.
Hoje eu poderia morrer.
Hoje descobri que sou indestrutível,
como as pedras, este bosque, este pássaro e as cabras que cruzaram a estrada.
Hoje descobri como se fosse a primeira vez que tudo que existe é imortal em sua essência.
Nada pode deixar existir.
Neste momento eu posso ser qualquer coisa.
Sou o sol que já já dará boa noite a cidade.
Eu sou aquela estrela que
primeiro brilhará esta noite.
Hoje venci a morte
Hoje poderia morrer
( Passeio de bicicleta em um dia de algum mês de 2006)