Lâmpada vespertina (ou a rotina das "horas-antes").
 
[Uma tarde]

O demônio mexia com cimento e enfiava
as terras no meio dos dentes.
Dessa moral camuflada de suicídio,
o favor interrompe a projeção de
todas as minhas pistas.

-

A lucidez do som transfere os ecos
para que eu morra pelo surrealismo
de bocas felizes.

§

[Declamação]

"Reclusão não é a solução pra tudo, mas desaparecer ajuda a sobreviver.
Coisas engolidas não alteram o amargor do silêncio, mas evitam o inferno."

-
Escolhe-se a vida, e só é possível enxergar as pessoas com seus contornos no sangue.
O sinal do fim desse tempo é a coloração de uma caneta rolando por baixo da porta, amando o movimento, sentindo que haverão de escapar todas as palavras.
Eu petrifico a existência cinza, porque tenho orgulho - e os traços do "teríamos sido" reconstituem o céu vermelho.

§ "Nada do que dança segura o tempo" - meus punhos envenenavam uma teoria verdadeira: minha ossada era plástica e removível (continuando a ser observada).

As mãos suavam como o terror de lágrimas nos olhos; os corpos enrugavam, e eu não sei explicar nada além do fator decadência. De nada adianta o absinto por trás das rochas e troncos das árvores, porque eu ainda falo e esmoreço a oportunidade do mundo me odiar.

§

Conclusão: mastigar válvulas e manter os dentes sujos da noite é o planejamento perplexo - avulsos sorrisos convulsionam a fina camada entre o amor e a pedra.

Todas as linhas são minhas violências.
 
Lainni de Paula
Enviado por Lainni de Paula em 07/12/2015
Reeditado em 07/12/2015
Código do texto: T5473314
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