O Vento
Ouço o vento feroz, veloz,
batendo insistente na minha janela,
mas nada me faz abrir minha fortaleza,
pois tenho medo que ele carregue,
minhas poucas, pequenas, simples,
mas minhas maiores riquezas,
por isso tanto medo e cuidado.
Aqui, guardo meus grandes amigos,
meus sentimentos, segredos inconfessáveis,
meus medos, minhas alegrias, meus amores,
todo tesouro que acumulei nessa vida.
Aqui, não temo o escuro, e olho-me no espelho,
sem culpa ou cobranças, pois sei exatamente,
aquilo que verei e é onde alimento minha esperança,
e reforço incessantemente todas as formas da fé.
O vento traiçoeiro insiste, mede forças comigo,
mas resisto com toda bravura,
e protejo como posso, o meu refúgio.
Nesse quarto abrigo todas as saudades,
e nessa cama aninho resignado a minha solidão!