Eu te vejo e meu coração emudece
Eu te vejo e meu coração emudece a conciliar extremos no peito, por onde o nosso amor escorre. Então desabotoo os botões da blusa onde não há naufrágios, desabotoo os botões da liberdade, liberto do sal da terra o sentimento até a raiz, escancaro os limites até os ossos sem que nada nos baste nem nos detenha, desabotoo o nó das hipóteses e recolho o som das palavras não ditas que em ti é tudo e é o lugar onde resisto e meu coração emudece ao toque febril da tua língua na minha, devagar, até romper os botões e fincar o teu infatigável outono no ventre e arder de poesia desdobrada em letras por dentro do último poema não escrito.