O tempo, o ócio e o vento

Dali de cima, o tempo não passava. Eu via tanto ao meu redor... tantos pedaços. Sentado na pedra mais alta, contra o vento morno. Ali ouvia sussurros, ouvia todos os sussurros do mundo.

Me espreguiçava e meus olhos umedeciam. O sol tentava trocar algumas palavras, o máximo que conseguiu foi me fazer fechar os olhos, numa careta ensolarada.

A falta do que fazer me fazia admirar as ondas lá embaixo, como cada curva lembrava aquelas camadas que escondiam as pernas das damas de outrora.

Belas damas! Belos trunfos escondidos nas mangas!

Pendi minha cabeça pesada e cheia de problemas sobre meu braço. Eu queria paz, eu tinha, o que me faltava agora? As damas lá embaixo parecem me chamar para brincar entre as camadas de tecido.

Eu não quero é nada, o vento, o ócio, o tempo.

O tempo que pára.

O vento que sopra.

E o ócio que os move vagarosamente.

As aves que passavam em voos rasantes, como tentativa de me despertar. Ah! Já disse, não quero nada! E nem o nada me quer. Ele quer um outro nada, que o faça descansar de sua obrigação de nada fazer.

E o sono... a cada vez que piscava meus olhos me vinha a imagem do meu amigo. Aquele que me deixava sempre a esperar e... Nada.

Minha vida em si é um grande vazio. Um tempo sem vento, o ócio e o lamento.

13/09/2014

Bi Andrade
Enviado por Bi Andrade em 23/11/2015
Código do texto: T5458006
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