Com cada pequeno desastre.
Não se trata de barulho. Essa nunca foi a questão. É no silêncio que mergulho em mim. Encontro-me nas camadas e linhas tortas que me modelam hoje e me mudam amanhã, numa espiral sem final. Nenhuma parede que me sustenta permanece de pé por muito tempo. Sou feita desses pequenos momentos de confusão, de caos, de desastre natural. Sou desmoronamento e reconstrução.
A vida é essa batalha contínua, progressiva, que sempre me carrega para a conclusão. Espero o final, sinto o encerramento em cada parte da minha alma, em cada osso. É como uma corrente elétrica percorrendo minhas terminações nervosas, vibrando em minha pele.
A vida tem o peso de um mundo inteiro. E, às vezes, na maioria do tempo, é um fardo. Minha mente é esse campo de batalha, é uma guerra interna, é explosão e desastre. Sento-me na beirada da cama e enterro meu rosto em minhas mãos.
Tudo aqui dentro vibra e grita.
E, então, silêncio.
Depois de mais um desastre particular, após mais uma porção diária de caos, eu sempre volto para casa. Eu sempre volto para dentro de mim.
Encerro-me aqui, entre uma batida e outra do meu coração. Entre um segredo e um desejo. Sempre me despeço, todos os dias.
A vida é um peso na alma.