Como perdi a mulher da minha vida

Como perdi a mulher da minha vida

Vê-la com outro homem foi receber um soco na boca do estômago. Percebê-la tão à vontade em sua própria pele fez brotar um gosto amargo na boca.

Não a desejava infeliz como estou desde nossa separação, mas foi naquele instante, somente naquele instante, que me dei conta de seu sorriso espontâneo e radiante ter esmaecido há algum tempo.

Eu adorava tanto o seu desejo, carinho e cuidado, o seu modo único de me acolher, de me receber em seus braços e entre suas pernas, que, egoísta, não havia percebido: eu a abandonava.

Adorava tudo que dela emanava. Ela era o modo de eu ser feliz e não queria perdê-la. Não podia imaginar minha vida sem ela. Eu a amava, a amo e muito, mas fui esquecendo de alimentar nosso amor. Ela já dava sinais de tristeza, pedia mais de mim e eu nunca entendia. Pensava ser crítica ou falta de compreensão. Não era. Era amor.

Eu me garanti em seu amor, o considerei suficiente para vencer a solidão a agigantar-se dentro dela. Confesso: não enxergava nada disso. Via só a mulher que eu amo.

Foi só naquele doloroso momento que constatei: me sentia tão completo ao seu lado, tão feliz com sua presença, que ela se tornou coadjuvante nessa nossa relação de um só.

Luciana Gomes
Enviado por Luciana Gomes em 18/11/2015
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