Como perdi a mulher da minha vida
Como perdi a mulher da minha vida
Vê-la com outro homem foi receber um soco na boca do estômago. Percebê-la tão à vontade em sua própria pele fez brotar um gosto amargo na boca.
Não a desejava infeliz como estou desde nossa separação, mas foi naquele instante, somente naquele instante, que me dei conta de seu sorriso espontâneo e radiante ter esmaecido há algum tempo.
Eu adorava tanto o seu desejo, carinho e cuidado, o seu modo único de me acolher, de me receber em seus braços e entre suas pernas, que, egoísta, não havia percebido: eu a abandonava.
Adorava tudo que dela emanava. Ela era o modo de eu ser feliz e não queria perdê-la. Não podia imaginar minha vida sem ela. Eu a amava, a amo e muito, mas fui esquecendo de alimentar nosso amor. Ela já dava sinais de tristeza, pedia mais de mim e eu nunca entendia. Pensava ser crítica ou falta de compreensão. Não era. Era amor.
Eu me garanti em seu amor, o considerei suficiente para vencer a solidão a agigantar-se dentro dela. Confesso: não enxergava nada disso. Via só a mulher que eu amo.
Foi só naquele doloroso momento que constatei: me sentia tão completo ao seu lado, tão feliz com sua presença, que ela se tornou coadjuvante nessa nossa relação de um só.