FRAGMENTOS E CISMARES 08
[O TÚNEL DO AMOR]
Lembranças... Momentos libidinosos conquanto pueris na aparência.
Marcar o tempo não tem graça nem qualquer importância já que o tempo... ora, o tempo!
Um trem-fantasma corre amalucado e sacolejando por um túnel escuro do parque de diversões fixado junto à quermesse.
O túnel do amor!
Casais de namorados eufóricos, gritinhos de alegria das moças de saias rodadas, aguardam o embarque.
Piuííí!
Viagem entrecortada de sustos e delírios, e delírios e beijos, e beijos e estremecimentos. O trem-do-amor onde tremem-de-amor os amantes.
O trem-fantasma onde amantes tremem-e-têm-asma... Fremem.
"No trem do amor
ao longo dos trilhos
seguindo juntinho
vamos viver de morder a maçã...
Pra rolar o amor no trem
é só consentir
no que o coração mandar..." (*)
No que o coração e o desejo mandarem... É só consentir... Deixar-se levar pela adrelanina do momento e do espaço, misturar os gritos de susto com outros, mais peculiares e íntimos...
É o comboio do amor,
Paixão escapando por todos os poros...
Os amantes no escuro, no barulho dos trilhos,
Nos sustos e medos excitantes,
Agarram-se!
Por todos os lados, por todos os beijos,
As cordas feminis feridas pelo arco...
Blém, blééémmm...
Uma sineta acaba com a viagem.
Orgasmo.
Saem do túnel os namorados.
Olhos siderados.
Euforia mansa e saciada.
Maçã mordida.
Maçã do Amor.
(*) Versos do músico-poeta Flávio Venturini.