O MONJOLO DOS DIAS

Acabo de postar uma reflexão pontuada pela Poesia que bafeja os meus olhares primaveris. Espero que o viés do enxergar possa aludir ao teu entorno de viver e possa vir a ser de alguma utilidade, se bem que esta não se destina a atuar diretamente no plano da realidade. Vez em quando é necessário deixar os neurônios sonhar... Que me acompanhes na viagem. Na mala prenhe de permanentes tristezas (veja-se o recente atentado terrorista reivindicado como galardão ao Estado Islâmico, em França, bem como o rompimento da barragem, em Mariana/MG), há sempre a hipótese do possível acalanto escondido na barra do dia. O pensamento dos poetas é sempre lírico: doura a pílula, por mais amargo que seja o seu gosto. Há em mim o monjolo dos dias, e a água morna dormita aos meus pés cansados. A cada levantar de suas pálpebras, sempre antevejo o sorriso na cara iluminada do sol nascente. Tal os sonhos, mesmo que apenas sobrevoem a cuca em permanente rebeldia. E a realidade, por Deus, é sempre uma incógnita! Se ela for ruim, impossível de ser aturada, faça-se o poema com a retina de sol e brilho e o mundo estará a salvo. E os olhos vão pousar no Absoluto, que está dentro de mim: a sombra perene da resignação. A resiliência nos salva, pois nos torna densos de humanidade... Porque o canto poético é o viés estrábico dos olhos do sentir.

– Do livro O PAVIO DA PALAVRA, 2015.

http://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/5451643