Toma que o lixo é teu!
Um dia surgiu na minha vida uma estátua e me foi dito que era de ouro puro e raríssimo. A partir daquele dia comecei a observar aquela imagem e aos poucos ela foi me encantando e me enterneceu tanto que comecei a cuidar dela.
Limpava aquela estátua, adornava com belas flores, acendia incensos e aspergia sobre ela o meu melhor perfume. Descobri que amava aquela linda estátua e fiquei até sem saber o que fazer diante daquele fato.
Passaram-se alguns anos e um dia começou a chover uma tempestade inteira e logo me preocupei em resguardar a estátua, porém, conforme a chuva caia sobre ela, o que eu pensava ser ouro, começou a derreter e escorrer para o chão. Continuei observando e vi que por baixo daquela tinta, aquela estátua era de barro e que este também começou a derreter. O que me assombrou foi ver os vermes que moravam dentro daquele casulo. O que me enojou foi perceber que alimentei por anos vermes imundos que se multiplicavam.
A chuva derreteu tudo, mas os vermes continuavam amontoados, entrelaçados e vivos; então esperei que a chuva parasse e quando ela cessou, joguei um galão de álcool sobre aquela imundície e ateei fogo naqueles sub seres rastejantes e aos poucos todos foram morrendo. Restaram alguns vestígios, mas chegou outra chuva e levou o que ainda restava daquela coisa para longe de mim.
Fiquei algum tempo em estado de choque, algumas horas, então desinfetei aquele local onde havia o casulo, que era apenas a moradia de vermes, joguei minhas roupas no lixo, tomei um longo banho, troquei-me, usei meu outro melhor perfume e encontrei seres vivos, não-vermes, mas pessoas com as quais me envolvi.
Eu não ia matar os vermes, porque eles em uníssono me ensinaram a não matar, mas a vida não os quis; eu não podia dá-los a outro ser, seria cruel demais, não podia devolvê-los ao dono que fugiu e se escondeu, então me tornei assassina daqueles vermes falantes.
Casulos de vermes disfarçados de estátuas, na minha vida, nunca mais!