Será? Ou já era?
A dúvida inquieta.
A dívida não se quita
Com mal pagador.
É antiga a busca,
É legítima e brusca
Pra qualquer entendedor.
Mário sempre foi o que pôde ser.
Ninguém entendia sua postura.
Muitos o julgavam sem o conhecer,
Sem nem conhecerem a si próprios.
Criaturas
Pobres ignorantes.
Seu amor era maior
Do que as coisas deste mundo.
E essa máxima o fazia sofrer,
Pois não encontrava em nenhum lugar,
Em canto algum e, contudo,
Salvo em si,
Momentânea paz em ser
Alguém
Acima de onde o pudessem atingir.
E a maior ignorância é julgar.
E o maior inimigo é o veneno,
Que obstrui o fluir do amor,
Do amar.
Eles atuam, eu enceno
Nesse teatro onde o astro
Brilha com sorrisos verdadeiros.
Mesmo sabendo
Que o saber não pode vacilar
Em seguros nem obscuros terrenos.
Então a dúvida pode ser aliada,
E deixar ser pode ser um tipo de defesa –
Concisa, concreta, intacta...
E na prática ele pagou ofensas
Com sorriso nos lábios.
Ele honrou a si mesmo
Sendo quem era e só.
A dúvida então lhe deu sossego –
O extraordinário não cabe a ninguém.
Está muito além
Do entendimento de mentes perdidas,
Confusas, entretidas
Nas coisas deste mundo.
Nascer sendo
Ou vir a tornar-se
São possibilidades.
Muitas vezes o mundo é covarde,
Mas foi a coragem que o fez seguir
De peito aberto e encontrar-se
Com seu sagrado.
Sem chavão.
Sem clichê.
Ele seguiu os sinais
E pagou com amor.
Ele honrou a si mesmo
Sendo quem era,
E já era.
Não está mais entre os seus.
Dúvida que não cala:
Tem conserto a falha
Que nos coloca aqui?
Viver é ter metas
Ou prosseguir conforme a natureza reza?
Para todos será ou já era?
Minha busca já está nos acréscimos.
Não vou desistir!
Liberdade dos grilhões do sistema
Se faz com supraconsciência.
Conecte-se Conecte-me & Cia.
Mário é só mais um personagem
Como todos somos.
Como fomos.
Como éramos.
(Para todos será ou já era?).