Amor por contrato

Hoje a saudade veio mais forte. Chegou me puxando pelos cabelos e me jogando na cama, me dando murros na boca do estômago, pontapés nas costelas e tapas na cara; arrancou as minhas unhas com alicate e me cuspiu no rosto. Não há como ignorar uma ausência tão grande como essa; não há como colocar nossa história em uma caixa e escondê-la no fundo do armário. Foram tantas coisas vividas pra simplesmente colocar tudo de lado.

Então vim dizer. Dizer que sinto sua falta e que tudo isso é uma loucura. Dizer que sabemos que as coisas não são assim, que nosso destino é juntos de qualquer jeito; nascemos pra nos pertencer. Dizer pra deixar tudo isso pra lá, vamos jogar tudo pro alto e alugar um lugarzinho na Chaparral pra gente. Dizer que a gente dá conta, e que, não adianta negar, somos, juntos, o melhor inteiro.

Não vou te pedir pra voltar, nem pensar! E nem pra ficar, depois que isso acabar. Que fique bem claro que eu sei que nosso fim chegou há tempos, e que não haverá uma volta; eu não quero mais ter meu coração partido por você. Tudo que peço é que analise, ainda dá tempo. Então pra que tudo flua bem, assine aqui: _______________.

Amor por contrato, um dia de nossas vidas, uma última lembrança construída. Juro que daqui eu vou sem olhar pra trás. Não que você seja ruim, mas eu sou. Eu sou e acho melhor que seja assim. Mato o que me mata. Agora a saudade, depois o sentimento que ainda tenho por você.

Mas, agora, seja amor ou apego, eu apelo: me beije, me toque, me dê só um pouco de você hoje — agora —, seja meu nesse instante. Esquece o mundo, apaga a luz, desliga o celular; olhas nos meus olhos, toca no meu corpo, beija minha boca, me faça sua uma última vez. Me traga o café na cama bem cedo amanhã; mas caso eu acorde primeiro, deixo um bilhete e um cartão. Até mais e obrigada pelos peixes.