Render-se
Rendo-me ao que suponho ver e que de longe despe-se no horizonte em silêncio, rendo-me aos teus murmúrios, meus anseios traçados na pele sobre o pó das palavras não ditas, ao quase triste, em ritmo blue emaranhado de indefinidos azuis depois do amor, rendo-me ao que não me cabe e palpita por entre a fé e a ferida que pulsa, ao que sufoca o princípio e a todas as coisas que a boca não entende e a língua insistente toca e retira as vestes. Rendo-me e render-me é suportar o tempo que não se supõe e o agudo mistério entranhado em teu peito repleto da carne minha, suportar. É sorver o cheiro das tuas entranhas já minhas e ao nosso grito entrelaçado de apelos não findos, é suportar não render-me a violência do medo ousando ser-te em teus espaços vazios de mim, é render-se e encontrar-te perdido em meu ventre e precisar morrer-te dentro de nós para ser prece em teus lábios e doçura em teus olhos de eterna maré vazante.