A VIDA FALA DE OUTROS AMORES...

Hoje, a tristeza, a saudade e o silêncio preenchem o vazio que tua ausência deixou, em minha vida...

Busco no sono a fuga para a dor que me aguilhoa as entranhas da alma, eterniza os segundos de uma vida sem razão de ser...

Que fazer com a sensação de morte que me causa tua ausência? Fiquei como a ave que perdeu o rumo e já não consegue voltar para o ninho; como a flor que perdeu o perfume e quedou, desolada; como a onda que foi absorvida pelas areias e lamenta sua dor por não poder retornar ao embalo do mar, sentindo - se evaporar ao Sol inclemente; como a árvore que viu o fogo se aproximando, indefesa, e sentiu - o ir queimando cada fibra do seu ser, vivo e verde, onde a seiva corria livremente...

Não saberei viver sem tua presença...

Nunca mais noites encantadas com o luar entrando pela janela, as estrelas luzindo e tua voz sussurrando carinhos, tuas mãos deslizando em minha pele arrepiada e febril, ansiando mais intensidade para poder sentir - te fazendo parte de mim...

Nunca mais amanheceres dourados pelo Sol, o despertar letárgico do corpo lânguido e satisfeito, após uma noite de amor ardente... Nunca mais ver o olhar amoroso e cheio de ternura, que me fitava, enquanto eu dormia, e ouvir tua voz voz dizendo - me: "Bom dia, meu amor, eu te amo!", seguido de um longo e apaixonado beijo...

Sinto - me sucumbindo a cada instante, incapaz de lutar contra a apatia que me domina, isolando - me da vida, do mundo, deixando a solidão tecer ao meu redor, um casulo do qual não me importa sair, nunca mais...

Meus olhos não se cansam de chorar, são como a fonte que jorra do alto de uma montanha, as lágrimas caindo em cascata e formando um rio no meu coração que transborda, mas não conforta...

A vida fala de outros amores, novos recomeços, mudanças interiores...

Ah, palavras bonitas de quem nunca amou realmente... de quem nunca sentiu a dor da saudade latejante em cada célula, em cada respirar, a alegria de sonhar com a presença do amado e a tristeza de acordar num leito solitário, frio como um esquife, sentindo - se amortalhada pelo pesado chumbo do silêncio, como se estivesse perdida no mais profundo e misterioso buraco negro do cosmo...

Viverei... Na mais profunda dor, mas viverei, e porque ainda não perdi a capacidade de sonhar, deixarei que os sonhos de tua volta pautem meus dias; serão a coluna a apoiar a minha vida até que chegue o momento final, o momento da libertação...