Orbis
Quantas noites sofridas.
É assim, num buraco abafado, que arrasto meus anos. Algumas poucas lampadas aterrorizam os cantos do meu covil. A luz se derrama como uma sombra vermelha no manto opaco da noite. A relva argentea das noites de lua é o unico adorno à soleira de minha cripta.
- Nefasto, Profético, Etéreo. São os adjetivos mundanos que me restaram ao longo dos 30 anos passados aqui. Desprezo o presente, desdenho o futuro e odeio o passado. Não tenho lugar nesta orbe mundana, nem assento no teatro da história.
Talvez devesse dormir, entregar-me às eras e mergulhar no vazio. Mas, não consigo. O rancor é meu algoz diário. Meu anjo negro à espreitar às frestas entre a luz a as sombras de meu cárcere eterno.