PARAQUEDISTA
O primeiro salto,
Após um árduo treinamento
O suor era sangue
Jorrando a epiderme.
Exausto ofegante
Em manhãs de névoa,
As lembranças do leito quente
Ainda ardente no corpo.
Amassando e retorcendo
Os músculos
Como a argila
A feitura do adobe,
A cana triturada no engenho.
À vontade o ímpeto
De seguir em frente.
A exaustão extrema
Ainda havia forças
Para ir em frente.
Ao lado,
Já poucos acompanhavam
Para conseguir o cobiçado intento!
Chegada a hora tão almejada,
Apertos aqui outro acolá
Sem falhas.
Últimos ensinamentos
O aprendizado perfeito –
-- Uma pequena falha,
O menor detalhe,
O preço é a própria vida.
Comando preciso
Luz vermelha
O barulho do C82.
Portas abertas
Em posição de alerta.
O primeiro homem,
Mãos seguras,
Metade dos pés,
Já sentindo o vento na face
Em céu de brigadeiro
Contracenando o horizonte
Em verdejante pradaria,
O Campo do Gramacho.
Luz verde
O Comandante alerta para o já!
Faltavam asas!
Só Coragem, determinação e confiança.
Posição correta em JEB
O corpo semi-curvado,
Quase fetal:
Projeta ao espaço,
Contagem um mil,
Dois mil,
Três mil,
Lapso de tempo
Para tomar consciência
Da sustentação no ar!
Abertura do paraquedas.
Olhares perscrutando
Os gomos se perfeitos
Do náilon salvador.
Esfuziante alegria –
Um semideus
Sem pressa de chegar,
Liberdade incomparável,
Leveza de plumas
Sem culpa sem pecado:
Êxtase de incomparável descrição
O inacreditável!
Momento seguinte
Aterrar com precisão
Crucial para evitar lesão.
Já com a atenção
Para o raio geográfico
Os seus obstáculos
Com o manejo rápido e preciso
Para amortecer o corpo no chão.
Tudo perfeito.
Cinco saltos seguidos.
E o tão almejado
Breve,
Coturno Corcoran, marrom de coro de búfalo,
Emblema de um paraquedas
Com uma águia em voo.
Que emoção,
Ser mais um paraquedista militar
De nossa grande nação.
Belo Horizonte 12/08/2015 Atalir Ávila de Souza. Brevetado no ano de 1958.
Campos dos Afonsos 5ª Cia Brigada Especial de Infantaria. General Santarosa.