UM PORTÃO QUE TINHA TRÊS METROS DE ALTURA

Não havia outra opção que não ser olhar a foto que ficava na estante, onde também ficavam os livros e os discos que eu guardava para um dia serem jogados fora.

Na escola em frente ao único campo de futebol com arquibancadas tinha uma cantina onde eu não podia comer ou beber água.

Depois que saiamos dali, tínhamos que voltar caminhando pela fresta que havia entre os muros que separavam o sonho da realidade.

O trem passava do outro lado do muro e à noite, da varanda onde ficávamos, durante nossas viagens alucinantes, podíamos ouvi-lo e ver as luzes dentro dos vagões com seus rostos sem fisionomia, que sumiam logo, ao longe, em nossa estranha e infrutífera ficção.