Declaro-me à lua.

Sou convidada a observá-la.

Não resisto claro!

Abro a janela.

Lá está você!

Deixa-me pensativa, estarrecida.

Oh! Linda!

Sempre tão venerada!

Especialmente pelos amantes.

Diga-me:

Quanta jura de amor já ouviste?

Quantos apaixonados deixaste com teus raios deslumbrantes?

Vou te contar uma coisa, posso?

Já dei vexames de amor por você!

Quando criança ganhei um castigo apenas por abrir a janela do quarto altas horas da madrugada, para contemplá-la.

Já adulta, bati o carro por não conseguir deixar de admirá-la.

Tive como álibi: você!

Incontestável, claro!

Disse: moço, a culpa é dela (apontei para você!).

Pago seu conserto.

Ele apenas sorriu.

Como vê, você sempre esteve presente nas minhas noites.

Nas noites alegres, nas quentes, nas solitárias.

Nos momentos de desencantos, dos amores distantes e no sonho dos amantes.

Declaro meu amor a você nesse poema.

Oh! Linda lua.

(para Paulo Cardinali, cuja sensibilidade provocou esse poema)