4. O Evangelho da Terra: a oração sobre a aflição das almas
“Se for inevitável que a tais almas seja imposto o sacrifício ao mundo,
Para que o mundo se desvaneça em seus delírios,
Que seja dada cada uma delas uma esperança
Que a tristeza não lhes enfraqueça o ânimo,
Antes as torture lembrando-as do que são,
Até que novamente elas queiram alçar voo
Estas almas são como os pássaros
Em sua breve estada pela vida
Gostam de cantar e voar
Neste dia cantarei e estarei novamente entre eles
Um novo cântico entoaremos
Celebraremos contigo novamente a poesia da vida”
Havendo clamado com muita dor e com voz suave, ainda que abalado pelas coisas que haveriam de suceder, foi ouvido por homens que viviam na floresta escondidos das perseguições infligidas aos solitários. Apareceram pouco a pouco e timidamente se sentaram junto a ele. Ainda muito consternado, pode ver homens dos mais variados tipos que desejam ouvir mais de suas orações e de que culto era este que tratava.
Eram como pássaros feridos, escondidos na floresta, aborrecidos em seus voos e que escondiam em seu íntimo o desejo do último voo. Então, sentado sobre o chão dirigiu-lhes a seguintes palavras:
“Certa vez sai para amaldiçoar os homens, fui buscar na terra o aval, mas antes me revelou uma outra mensagem que levada aos homens lhes seriam mais uteis que as maldições.
As almas anseiam pelo voo, como os pequenos pássaros, que diante de sua breve estada na vida, anseiam pelo voo e pelos cânticos de todo o tipo. Quiseram que algo em nós tolice tudo isto. Hoje morremos brevemente ainda que vivamos muito. A alma não canta mais por que não pertence mais aos homens, a seus corpos, antes estão escravizadas e entranhadas em mundos obscuros e fétidos. Elas não sonham mais, mas lamentam, o que é bom, mas ao mesmo tempo triste.”
Disseram-lhe os homens que também lamentavam e que suas almas estavam tristes, mas que sabiam que poderiam novamente voar. Desejavam que o homem que subitamente se prostrou a orar na floresta os ensinasse o voo.
“Não sei voar, tudo que fiz foi ouvir a terra. Mas se quiserem conhecer o que a terra tem a nos dizer, vamos juntos e quem sabe nos ensina novamente o voo verdadeiro que apraz a alma. Se quiserem se juntar a mim nesta oração, basta sentir a própria alma e ouvir o clamor que emana de dentro dela, sem julgá-la, sem condená-la. Nesta oração silenciosa encontrarão o que desejo procurar e saberão dizer se querem ou não buscar.”