Primeira vez

Eu escondi as mãos nos bolsos, não queria que notasse minha transpiração descontrolada, aposto que meu rosto já estava brilhando. Difícil não notar, eu não tiro os meus olhos daqueles olhos e daquela firmeza toda, eu não sei como ajudar a mim mesma. Todos sabem.

Eu estava tímida, não que fosse a minha primeira, mas, eu queria perfeição, eu não poderia errar um dente. Medo então, não timidez, medo da minha nudez.

Que passem os anos, eu estou aqui e eu garanto, nunca vi ninguém tão de perto, aposto que ele também não, agora ele conhece todas as minhas marcas de catapora, conhece minha sobrancelha, fotografou as digitais nos lábios.

Ele está me despindo e encontrando o caminho, e eu quero que ele conheça todas as vias alternativas, que fuja do trânsito, devagar, ou... Não tão devagar assim. Faça o seu tempo. Eu nunca fui vista assim, tão de perto, ninguém nunca viu minhas cicatrizes, eu estava coberta antes, mas tão de perto assim, é impossível esconder alguma coisa.

Eu poderia morrer agora, enxergando, parece um milagre, mas eu não vou, porque ele ainda não terminou de me despir e Deus é bom.

Divino é o seu beijo. Seus carinhos são riquezas, e eu quero enriquecer nessa cama. Não poderia ser diferente, ele está em mim de verdade, e a minha respiração soa bem, o agudo do gemido indica sintonia, ele está rindo de mim ou pra mim? Ele está rindo.

Ele continua me dominando, e eu o domino as vezes, estamos nus, mas ele continua me despindo. E quando ele treme, termina de me despir, eu o beijo, e já sinto, nos vemos tão de perto porque agora nos vemos como viemos, puros e despidos.

Gabriela Gois
Enviado por Gabriela Gois em 30/10/2015
Código do texto: T5432304
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.