PELOS DEVANEIOS DE MIM
De madrugada o sol se ia alto a ponto de iluminar a psicose dos sonhos.
Despertei sob a luz ofuscante dos "flashs" do silêncio sobre meus sentidos a resvalar assustada as tantas escuridões do mundo para, então, abraçar o todo possível na tentativa de me segurar.
Foi inútil.
Percorri o universo na velocidade da luz por todos os lugares que me enxerguei corpo abstrato passível de chegar ao nada.
Desbravei todos os âmagos dos impossíveis e tangenciei a loucura da felicidade de ser algum sentido.
Relutei no todo de mim mesma como se me investigasse aos mistérios dos sentimentos incautos e tão perturbadores.
Ouvi vozes interiores mais lúcidas do que as psicoses me permitiriam.
Assustador ouvir o que ninguém escuta.
Ouvi sussurros do inaudível que viraram gritos de querer.
Senti que não estava sozinha.
Fiz auto penitências pela loucura inadmissível de me permitir insana.
De me querer insana, o que é imperdoável!
Sai de mim num doce e breve surto psicótico de poesia, e então, em duros versos reais me curei da possibilidade de nunca mais retornar daquilo que tão docemente me desagrega e me retira da realidade.
Depois, na dualidade de toda psicose fugidia, em oração agradeci pela possibilidade previsível de sempre retornar a mim, pelos mesmíssimos caminhos da minha lucidez doentia.
A lucidez decepcionada de sequer me permitir louca.
Foi quando compreendi que loucura é remédio.