Meus eus em mim
— Eu te amo. — Digo à mim.
— Foda-se, eu te odeio. — Me respondo.
Estive pensando nisso. O certo não deveria ser: “Eu me odeio”? ou “Eu me amo”?
Quando converso comigo mesmo eu me trato como se eu fosse uma outra pessoa. Mas não sou. Sou apenas eu mesmo sendo dois de mim.
Um desses “EU” só eu conheço. Ainda bem, morro de vergonha dele… Ops, de mim. Tenho vergonha de ser eu quando sou ele.
Eu queria muito conseguir me unir comigo mesmo, me fundir, viver em harmônia com o que sou, mas é complicado… Sou incapaz disso. Eu não me misturo com gente do meu tipo.
Talvez esse seja o culpado do meu desiquilíbrio emocional: eu. Eu sou o culpado pelo meu suicídio psicológico.
Dois de mim. E sabe o que é pior? Eu não tenho o controle, não conheço direito nenhum deles. Vivo com o desgosto e o caos dentro de mim, isso tem sido um pouco confuso, faz parte do meu inferno.
Mas afinal… É melhor ficar na minha inútil e inconsequente companhia do que sem ninguém, sem nada. Pois sem a solidão eu me torno vazio, e no fundo eu não quero ficar só. Tenho medo. Melhor que eu pare de reclamar do que sou antes que eu entre em conflito comigo mesmo e decida me abandonar.
— Eu me amo.
— …