Resgate ao Entardecer
O sol já declina e o peso do tempo
Que deixa algumas marcas no rosto
Deixa também cicatrizes na alma
E em meio ao frescor da brisa calma
Na boca sequidão e o amargo gosto
Da solidão sem sentido que fala
Esperando por uma resposta e se cala
Parece ter se cumprido a última missão
Descansar talvez seja a única opção
Ao crepúsculo ouve-se então o clamor
Uma ovelha aflita e a voz do Senhor
Que convoca e reaviva o amor
Da paixão pelas almas famintas
Não de pão mas de Cristo o favor
Então o corpo cansado se refaz
Vislumbra a ovelha e o predador
Que a subjuga, é o lobo sagaz
Com forças invencíveis que vem do alto
O pastor ataca com precisão eficaz
O devorador é tomado de sobressalto
E solta a presa que escapa e se abriga
Nos braços do Pai, e o lobo se intriga
Com tamanho rigor que supera a fraqueza
Não por força humana nem vigor
Mas pela incandescente chama do amor
Que faz do pastor um gigante
Enquanto resgata a ovelha indefesa