Estou aqui Buenos Aires,
vim me apresentar.
Não ouviu falar de mim,
porque na verdade
costumo escrever cartas,
muitas delas sem destinatário,
outras sem selos ou remetente.
Os rascunhos são marcas registradas, onde apenas com a lupa da íris poética, pode-se ler o sentido dos signos, da mensagem meio que enrugada.
Do avião,
sinto-me molécula
e presto louvor à grandeza da cidade.
Debruçada à janela,
vejo miríade de luzes em forma de favos de mel, estendidos num cordão que anda lentamente. Compondo aquela paisagem,
há um menino na mesma posição que a minha,
com os cotovelos no umbral do Rio da Prata.
Suspiro.
Lá de cima nada posso fazer,
a criança pescou o meu sonho de ganhar,
Buenos Aires por primeiro.