Jardineiro

O garotinho plantou o sonho em terra fértil.

Regou, adubou, e cuidou como se fosse um filho.

Vislumbrava todas as possibilidades de futuro e sorria seu riso de criança.

Desses sonhos nasceram outros e outros. Logo, o jardim resplandecia graças aos cuidados do atento jardineiro...

Mas veio o tempo... Sempre ele.

E o garoto foi crescendo e sendo envenenado pelo modelo social.

Tornou-se descuidado, apressado, estressado, sem tempo.

E veio a chuva forte.

E veio o sol incessante.

E vieram ervas - daninhas, pragas, ladrões de sonhos...

E em um curto prazo já não existia quase nada!

...Quando lhe vem à mente as lembranças, ele volta ao jardim e ainda tenta regar algum sonho que resistiu aos maus tratos do acaso e à sua negligência de homem.

Mas a terra já não é mais fértil. As pragas já dilaceraram quase tudo.

E ele pensa em começar de novo, em procurar novas sementes de sonhos, novas terras, novos métodos, mas...

Prefere rir de si mesmo, afinal, já é grande o bastante pra entender o tamanho de sua fragilidade.

Paulinho Souza
Enviado por Paulinho Souza em 13/10/2015
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