Jardineiro
O garotinho plantou o sonho em terra fértil.
Regou, adubou, e cuidou como se fosse um filho.
Vislumbrava todas as possibilidades de futuro e sorria seu riso de criança.
Desses sonhos nasceram outros e outros. Logo, o jardim resplandecia graças aos cuidados do atento jardineiro...
Mas veio o tempo... Sempre ele.
E o garoto foi crescendo e sendo envenenado pelo modelo social.
Tornou-se descuidado, apressado, estressado, sem tempo.
E veio a chuva forte.
E veio o sol incessante.
E vieram ervas - daninhas, pragas, ladrões de sonhos...
E em um curto prazo já não existia quase nada!
...Quando lhe vem à mente as lembranças, ele volta ao jardim e ainda tenta regar algum sonho que resistiu aos maus tratos do acaso e à sua negligência de homem.
Mas a terra já não é mais fértil. As pragas já dilaceraram quase tudo.
E ele pensa em começar de novo, em procurar novas sementes de sonhos, novas terras, novos métodos, mas...
Prefere rir de si mesmo, afinal, já é grande o bastante pra entender o tamanho de sua fragilidade.