PROCURA...
Procurei num pretexto ver de perto de perto o amor aos trancos e barrancos
quem sabe ao menos, justificar meu desejo...mas no entanto nem desejos
nem pretextos viveram da vontade por si mesmos...
Parti do princípio que seria meu fim:_ Querer-te assim como ao poema: suado, opresso_
_desculpa ou pretexto para revelares teus segredos e, quem sabe até tocá-los
com meus longos dedos...
É sempre difícil voar sem minhas falsas e pretensas asas
nesse intenso e úmido universo de anjos e demônios...
_fugir das trilhas do inferno e agarrar ao menos as virilhas do céu_!
O que é meu não é da minha carne o bastante e o meu cerne não me reconhece...
como um estranho passo os dias catando aqui e ali alegrias fugidias
que não me acariciam tanto quanto o fel das dores benfazejas do amor egoísta, imparcial
venerado pelos amantes...
E assim amar, de outra maneira, será como agarrar mil metáforas que criei
_inconfundível desprezo a mim_ que nunca traço planos. Só navego desenganos,
paixões e um desenrolar de míseras e sinceras fantasias...
Se me dissesses ao certo onde estás ao menos...eu teria me lançado ao largo
indo no teu colo fazer meu ninho...mas continuo preso ao que sempre fui
compreendendo melhor a vida que NÂO vivo; a prisão em que não me reconheço...
a manhã que não nasce em mim. O amor que ao teu chamado de apelos, mimos, zelos
insiste ainda em não parir...
Caminho a passos lentos...sem minhas asas nem grandes eventos. Só o vento
Uivando em lamento_ não saber pra onde me levar!
Ao velho violão um blues amarelado; um hino, um interminável coro solitário,
uma quase “prece” que não alcança nenhum céu nem prenúncio de luar!
Se me dissesses onde estás, ao menos, e eu pudesse me lançar mais uma vez...
ao encontro de teus braços e tuas pernas a me entrelaçar me aconchegando
em ti e tua ânsia. E não amaria então senão por ela...a ânsia
_Esse par de coisas que é o meu querer e a minha sofisticada ignorância!