Itinerante
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Entrego meus pensamentos aos fantasmas errados...minhas fantasias vagam sem rumo na mãos de desesperados que vão e vem, sem reconhecer nem a linha, nem a estação, nem o trem.
A prisão já foi janela aberta em que se podia transpassar a qualquer tempo, agora é elo de uma corrente que aprisiona mais ainda. Sótãos escuros que abrigam a dor e culpa, impedindo a vida em sua essência.
As velhas e boas canções de sempre, são gritos opressos pela noite insone e úmida. Incansáveis doses de madrugada, entre o amor e o fel, bebericando nas fontes mesmas dos apegos...Sonhos soterrados; sorrisos apaixonados sem crença, num vazamento de promessas vagas; planos insondáveis...
Minha sincera liberdade estanca longe, compartilhando com outros infelizes os cacos de eternidades fugidias... Assombrado e mudo, tateio orações insurgentes (quase delinquentes), entre tantas outras gentes que não vejo, senão, em formas-pensamentos. Viajantes oportunistas de desejos naufragados, num mesmo mar de ânsia e medo. Imenso, impuro. Detestável.
Desejaria despertar de outra forma, longe dos fantasmas presentes e passados, entregando mim’alma a quem a buscasse; longe desse ir e vir de incertezas e descontentamentos. Contudo, me reconheço envolto à eles em meus infelizes saltos, sem alcançar felicidade alguma, ainda que momentânea. Nenhum porto seguro em que me valesse atracar por ora, em nome de meus apelos de salvar-me a tempo...me entregando como um barco ao mar, longe dos medos, das pedras; das impetuosas tempestades.
Assim é o mar. Também incerto, imenso, disperso, Como as almas itinerantes. Desafia aos náufragos e aventureiros de primeira vela. As primeiras braçadas podem ser as “derradeiras” ................................................................................................................................................
Assim também é o amor que confronta amantes: não se fazendo valer aos “titubeantes”! Só se dando aos bons amantes, aos que se entregam, sem portos, sem velas...como a mares nunca d’antes navegados
Sem caprichos ou falsas e etéreas promessas.../sublimações/egos exacerbados