Aos gritos
Eu tentei. Eu juro que tentei. Com uma força que nunca tive, e que fiz viver aos pedaços do que nunca ousei. Fiz das tuas noites a única haste que me amanhecia, e no teu colo me fartei de sonhos castos enquanto meus poros sorriam engasgados nos escombros do teu gozo. Rondei teu destino, cansei a madrugada de tanto que te amei, e encontrei no teu fim o único castigo que me acabaria. Aos gritos, imploro que não morras, nem me escrevas num poema. Por deus! não me escreva num poema! A maior covardia de um homem é eternizar em poesia um sentimento que morre a cada amanhecer. Por deus, eu não suportaria.