Na paz do Guri de Assis
Pergunto pelo sol que se evadiu da minha terra, mas tenho a paz do dia só cortada pelo cantar dos pássaros e pela sonoridade do Quinteto Violado, dos Novos Baianos e de Alceu Valença, é neste oceano que viajo. O dia está frio e um café, mais que o corpo, aquece o coração, “El niño”, guri medonho, não perdoa nem a primavera. Asilada no meu estúdio, misturo a cola na massa de papel e, por instantes, a imagem do rio verde que corta quase todo o país, me alegra. Estou focada em São Francisco, mais um de tantos que já fiz, começo a moldar meu amigo de Assis. Na música os Violados anunciam que “é festa em Surubim é dia de vaquejada”, e uma mágica me carrega para alguma feira do nordeste, para uma praia distante, quase sinto a areia da falésia tocando meus pés. Desconecto a chuva. O vento agora é morno e agita mangues e coqueirais, brinco com esta fantasia. A música termina e me tira da deliciosa visagem, volto à massa, à espátula, minhas riquezas. E é nesta tranquilidade que traz de volta o inverno que saúdo o dia.
Beijo a todos!