Nas dobras do sonho
Às vezes, em sonho triste
Nos meus desejos existe
Longinquamente um país 
Onde ser feliz consiste 
Apenas em ser feliz. 
         Fernando Pessoa

 
          Sonhos são sempre sonhos, mesmo quando parecem um pesadelo e a gente faz força para acordar. Nos sonhos, a sensação de não encontrar o lugar da saída e nem o que procuramos não é das melhores e naquele dia, nalgum lugar das dobras do sonho, esqueceu, perdeu-se daquela que acreditava em anjos, no amor e lutava para transformar os sonhos que valiam a pena em realidade.
          Uma sensação de vazio, quase irrespirável.Como aprender viver sem? Ela era  a melhor parte de si! Passou a procurar, a esperar insistentemente por sua volta, todos os dias.
          Os dias e noites iam passando.Nada acontecia mas permanecia na espera não só porque estava sem companhia para seus devaneios, mas porque sentia sua falta, pois aquela fé, aquele entusiasmo, fazia a vida mais colorida, mais palatável, menos dura e crua.
          Não perdeu tempo em lamentações, pois sabia que enquanto caminhasse para o futuro, continuaria tentando reencontrá-la, revivendo as alegrias de um tempo esquecido e já desimportante, mas ainda real em seu coração e sua alma.
         Continuaria buscando em si o que julgasse importante.Continuaria tentando viajar no tempo, mesmo que a chave do portal houvesse se perdido no caminho da vida.
        Continuaria buscando no sonho e na Arte as coisas vivas, alimentos para a alma, importantes, intactas e reais na parede da memória e da pele e que o afeto, o amor imenso dentro de si jamais esqueceria.
 
     E como bem disse o bom e velho William “Há quem diga que todas as noites são de sonhos. Más há também quem garanta que nem todas, só as de verão. No fundo, isso não tem importância. O que interessa mesmo não é a noite em si, são os sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre, em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado.”

*William Shakespeare