BOB ( Um quarto de milha )
Robusto, sete palmos e meio de altura,
Olhos negros brilhantes, queixada longa e ossuda,
Ventas negras arqueadas,
Crina espessa bem aparada,
A calda as patas arrastava um elegante inglês:
Dentes brancos sem desgastes seis ou sete anos talvez!
Manso como um cordeiro, na charrete o mais ligeiro.
Sempre solto pelas ruas calma da cidade
Desfrutando de respeito e liberdade;
Não sei se considerado pelo prestigio do seu antigo patrão,
Era o pároco holandês da cidade de São Romão.
Na transação efetiva, uma condição além-mar:
Manter o nome BOB em questão!
Sem obstáculo a intransigência resolvido o senão.
Logo se adaptou a sua nova lida:
No bornal ele comia, ora na mão.
Com a liberdade ordinariamente
Sem farpados nem fronteiras o BOB se distanciava:
Disso, o vigário não tinha avisado.
A procura do animal, o lugar é pequeno,
O forasteiro recém-chegado
É recomendado ir até o lugar denominado Lagoa do Padre,
Mas, com uma recomendação,
O local é mal assombrado ninguém vai lá não!
A indecisão contida, o menino forasteiro precisava se afirmar!
Era de hábitos diferentes por não ter sido criado aos costumes do lugar.
Com firmeza e determinação
Embora o coração acelerado até a boca, quase lhe faz saltar!
A jornada pretendida teria que ser fortuita,
A espera da cesta costumeira no silêncio da cidade,
Da labuta do meio dia, sol a pino, sua mãe a descansar!
A partida na primeira travessia rompendo,
O silencia.
E o medo o cemitério dos pobres, cruzes caídas,
Sepulturas remexidas, um desleixo de espantar:
Um piado, os ouvidos aguçados, olhos estatelados,
Cabelos arrepiados parando de respirar!
Numa visão concentrada num arbusto rasteiro,
Muito bem camuflado,
Um reptil predador deglutia uma ave de hábitos noturnos,
Uma coruja pia-pia,
Na noite o seu pio ufano, no dia seu pio de dor!
Na sonolência do dia torna-se um banquete fatal.
Absorvido o primeiro susto,
Em passos largos mais apressados segue em frente;
A areia escaldante o suor na fronte já esfola os seus pés!
Logo a visão se modifica,
Águas claras com contorno verde claro,
Leve brisa refrescante.
O primeiro impulso diante da sofreguidão,
O paraíso assombrado,
Recompor na calmaria se jogando por inteiro!
A lembrança do réptil fez refrear a impulsão.
Lagoa do Padre e mal assombrada, sazonal.
Na enchente do Velho Chico grande criatório natural
Para na próxima cheia, povoar o rio.
Os animais que dela se serviam
Sempre carregavam marca do beiço inferior cortado
Pela piranha voraz!
– O temor ao desastre ao contorno se dispôs:
Uma sombra com formato de um guarda-chuva gigante,
Provocado por uma tênue nuvem,
Cobre toda a circunferência aquífera.
A evaporação da água um fenômeno natural,
Na ingênua comparação, na linguagem matuta,
Era ela sombreada que virou assombração.
A pouca distancia sem esquecer o objetivo
Com os ouvidos bem apurados
O som onomatopaico do espiro equino (bruuussss-bruuusss):
Num rápido lance de olhar às sombras de uma mangabeira,
Fruta doce aveludada, o BOB estava a saborear.
Planta láctea de múltiplas utilidades
Dela extraindo a sua seiva
O artesão matuto transformar em capa para se abrigar:
Sempre cobrindo o cavalo e o cavaleiro.
Seguindo o mesmo instinto do sábio animal
Colhi algumas frutas e comecei a degustar.
A volta ufana se sentindo um herói
Os caboclinhos admirados, pois nunca se atreveram
Em embrenhar em tal aventura e lá estar!
O feito tem contorno, para os adultos nas suas conveniências,
Se valente ou malfeitor.
Lugar bem pequeno sem cinema ou teatro,
Só boteco, pinga e prosa, no final do dia se espalha.
Naqueles tempos os mandam chuvas da cidade,
O Pároco, O Prefeito e o Coletor.
O personagem em tela era o filho do Coletor.
Outras histórias do BOB ainda estão por narrar! BHte. 29/01/13- Atalir- Lembrança – infância em São Romão 1946.