O MENDIGO E O SEU MERO OBSERVADOR

O mendigo que colhe o lixo, mexe e recolhe em busca de qualquer alimento, e por um momento, ele é visto por outro homem que faz o seu lanche vesperal.

Na real... peraí, o mendigo não é um coletor de alimento, mas também do seu sustento. Ele remove cada saco de lixo em busca de garrafas pet ou de latinhas de refrigerantes.

O quanto antes, maltrapilho, ele é invisível às lentes coloridas dos transeuntes do final de tarde na rua Uruguaiana, esquina com a alfândega.

Pândega, a população passa por ele sem dar conta do preço de tudo que é descartável, do simples saquinho do cachorro quente até da marca que cola a coca do copo no chão atirado.

Extasiado, O expectador que observa atento a todo aquele cenário, vê-se perplexo com o reflexo do que se percebe em torno de si.

Bem logo ali, Quando se eliminam os dejetos, será que os objetos que são expelidos, serão recolhidos de maneira seletiva? Por onde passa a ideia de se reciclar?

Até lá por qual esgoto se esgota a cota do que não se pôde aproveitar?

Será? Quando será? Quando sairá? Se a chuva não vir, quantos saaras ocupados por Cearás?

E se arar...? teremos terrenos impermeáveis. Artérias entupidas por tudo que se ignorou. À cintina aquela gente é o que se destina.

Seus intestinos foram forrados daquilo que pra mais ninguém prestou.

E o expectador, esse mero observador, deixa-se impressionar por sua retina, a imagem do homem que se arrasta com fome, levando o lixo que carrega consigo, sem se perceber o seu devido valor.

PEDRO FERREIRA SANTOS (PETRUS)

29/09/15