Bicicleta de Cor

Não lembro que caminhei aquele tempo de araucárias e câmera na mão. Não vi as manchetes do cinema anunciando o filme da hora. Perdi "uma janela para o céu" pela minha pequenez. Nunca havia observado aquelas pessoas paradas na calçadas. Quando dei por mim já estavam lá, na parede do tempo de um calendário que nunca soube existir. Um ônibus antigo passa na rua de preto e branco enquanto o homem espia a mala antes de ir. Para onde vai com seu olhar sério e compenetrado? Caminhar em meu espírito alvoroçado e questionador? Ou andar o mundo de estátuas e jovens rapazes sentados à beira do caminho? Tantas famílias, pessoas, casas e carros antigos desfilam mormaço e reflexão. A vida se esconde num supermercado de louças enquanto o menino de suspensório e calças curtas, sonha um dia ser homem em sua bicicleta de cor...