Quarto minguante
Sinto levitar este corpo já cansado de tolas caminhadas
Estirado no assoalho do quarto que se estreita
Nada a minha volta, quarto andar, e a luz da lua
Tão minguante quanto estas paredes que me abraçam
Ouço ao fundo o romper das ondas que me chamam,
Pedindo que acorde novamente, como na infância
Inventando caminhos de areia para que as águas o levem
E com eles tracem suas rotas no mar, conduzindo navios
Abro os braços e fecho os olhos, sinto levitar novamente
Retalhos e recortes de uma vida que tentei desenhar
Esperando que se montem por si, como deveria ter sido
A janela aberta deixa a brisa fresca entrar do oceano
Que sinto refrescar o meu corpo banhado de suor
Delírios de uma mente inquieta que só buscou uma paz
A incompreensão e a razão caminharam lado a lado
Como duas irmãs com quem nunca flertei
O quarto minguante como esta lua, espera meus sonhos
Que um dia acorde , me levante e corra para o mar