Minha Avó Já Dizia
Desde pequena, tento entender os motivos que levam duas pessoas a unirem suas vidas.
Os inseguros veem no amor a tábua de salvação que os livrará de um mal que os assombra, a solidão.
Os egoístas não veem nada além da satisfação de possuir alguém.
Os entediados enxergam a companhia momentânea, afinal de contas, logo cansam e partem para outras conquistas.
Sonhadores esperam viver um conto de fadas como nos filmes, com direito a final feliz.
Desapegados, uma história, uma emoção qualquer, simplesmente para ter o que contar.
Os pessimistas acham que é o máximo que podem conseguir na vida.
Os acomodados, o máximo que podem querer da vida.
Para os românticos, a coisa mais importante do mundo.
Para os solitários, apenas uma presença.
Ninguém pode viver achando que a felicidade resume-se a encontrar a tal metade da laranja. É no mínimo, falta de amor próprio, e se falta amor próprio, sobra insegurança, ciúme, medo e dependência.
Não quero com isso afirmar que o amor é algo menor, embora esteja longe de ser um item fundamental de sobrevivência. Apenas dizer que podemos, sim, viver sem ele ou sem a sua representação personificada num outro ser. Você pode amar alguém, só não pode achar que não consegue viver sem esse alguém.
A receita para isso? Um tanto clichê, coisa de avó, mas acredite, a minha, foi a mais humilde das mulheres e a mais sábia delas, me presenteava com pérolas em forma de conselhos. Hoje, pagaria para tê-los e seguiria à risca. Certa vez, ao perceber o sofrimento da neta, desesperada ao levar o primeiro pé na bunda, me disse algo que a inexperiência, típica da idade, não me deixou entender. Jovens acham que os velhos são ultrapassados, os jovens é que não são evoluídos. Com a voz serena e uma calma que espero ainda desenvolver, falou docemente:
_ Ame apenas uma única pessoa nesse mundo, você! E quando tiver a certeza que se ama o bastante, aí sim, permita ser amada.
Conselho de avó deveria ser ordem.
E elas bem que podiam ser eternas.